terça-feira, 30 de junho de 2009

ARTIGO DO NOSSO AMIGO MIMINHO



Atualmente, contrastando com a situação de quase uma década atrás, quando o movimento ciclístico minguou a ponto de apenas vermos e desfrutarmos da companhia de uns gatos-pingados sobre duas rodas, o número de ciclistas tem aumentado de forma exponencial, seja por motivos de busca por melhor saúde, seja para compor uma onda, um modismo empurrado pela mídia e pelo desejo de tentar se exibir pelas ruas da cidade em belos trajes coloridos, compondo uma função aposemática para alertar os outros veículos, ou mesmo figurar num cenário de força e masculinidade, no caso dos homens, ou sarada, sadia e disposta a experimentar emoções novas, além da aproximação com parceiros supostamente sadios e bem-aquinhoados, no caso delas.

Infelizmente isso não se traduz em realidade quando adentramos no metiê e analisamos as realidades bem cruas em todos os quadrantes da atividade ciclística.

Ruas esburacadas, ausência de ciclovias em lugares estratégicos, má sinalização do trânsito, motoristas mal-educados e também despreparados para lidar com os ciclistas, motoqueiros malucos, agressivos e estressados, além dos próprios ciclistas, que entram na atividade logo de cara, sem nenhum preparo físico, psicológico e mesmo sem saber equilibrar-se direito na bicicleta, apenas motivado pelo disse-me-disse dos amigos e da vontade de pedalar. Eis um quadro dantesco e perigoso para ambos, principalmente o colega ciclista, que, desarmado, sem a proteção metálica dos veículos automotores, sai desafiador pelas ruas da cidade, sozinho ou em grupo, mas muitas vezes sem capacete e outras se auto-afirmando de que não gosta de nada sobre a cabeça, exceto um boné.

O resultado dessa asneira toda ou mesmo impetuosidade salutar é um nosocômio ou mesmo um cemitério bem pertinho de casa, a exemplo de vários colegas que se foram vitimados exclusivamente por terceiros, sem ter participação direta na ação que levou ao acidente, ou mesmo devido à imprudência gerada pelo excesso de confiança nas próprias habilidades ou total ignorância.sobre regras de trânsito e ações defensivas nas ruas das cidades e campos em geral.

E excetuando-se o futebol, volibol e basquete, quase todas as atividades esportivas geralmente se iniciam primeiramente pelo desejo em praticá-la; depois, a apresentação do candidato à modalidade escolhida, fornecendo-lhe o máximo de informações possíveis sobre o esporte, secundando-se pelo treinamento paulatino, respaldado por um bom exame médico de capacidade cardiorrespiratória, dentre outros. E olhe que estou me referindo a um sem número de esportes que não confrontam os atletas com o perigo das ruas, mas sim o colocam em contato direto com a natureza ou dentro de ginásios esportivos. O ciclismo, não é assim, pelo menos o ciclismo levado a sério. Todos acham que é só comprar uma magrela ou mesmo uma mountain bike( monstrambike), montá-la e sair por aí, desfilando, esperando que a continuidade o treine aos poucos. Pode dar até certo, como na maioria dos casos, mas muitas vezes não dá e é aí que reside o perigo. Tombos, com alguns arranhões de presente são bem comuns, incluindo-se nesse quadro cortes necessitando algumas suturas mais simples, mas também há casos em que é necessário realizar cirurgia para corrigir fraturas de clavículas ou luxações acrômio claviculares, estas de maior complexidade, mas de aparência mais simples, já que geralmente não apresentam fraturas.

Temos também pneumotórax, fraturas de pernas, braços, rompimento de órgãos internos, como rins, baço etc, sem falar da cachola, o crânio, mesmo.

Vale salientar que essas são as mazelas mais comuns a acometer os ciclistas quando geralmente caem sozinhos, assustados com alguma coisa estranha tipo animais( Hiram que o diga) ou mesmo cochilo, levando ao desequilíbrio e conseqüente queda, como no meu caso, numa viagem para Fortaleza/CE.

Também podemos citar aqui os infartos do coração, que podem ocorrer numa viagem pequena e/ou mesmo numa pedalada qualquer, como foi o caso do saudoso Iziel, que sucumbiu ao retornar de uma simples ida à lagoa de Arituba.

Por isso, colegas ciclistas, bikers, pedalar é salutar, é prazeroso e, principalmente, nos envolve com um sem número de pessoas de toda estirpe social, somando muita gente boa ao nosso círculo de amizades, mas é preciso que se atentem à algumas regras básicas de segurança e salubridade antes de se aventurar por aí feito uns doidos, malucões, saltando sobre calçadas e vias, fazendo willie em todo lugar, retorno a toda hora, sem avisar nem atentar para o trânsito, achando que é ciclista e está abafando.

Em suma, “PEDALAR É BOM, É SALUTAR, MAS TODO CUIDADO É POUCO”

Imis Rosa Uchoa Correia
Economista